Hermética – Cosmos
A Hermética fazia uso da visão de mundo mística astrológica, baseado na antiga compreensão do Cosmos. Do mundo antigo até a Renascença, acreditava-se que a terra era uma esfera localizada em um centro estático do Universo e que as estrelas fixas, formando as constelações, giravam em torno da terra de leste para oeste. Entre as estrelas fixas e a terra, antigos astrônomos visualizaram uma série de sete esferas de cristal formando sete camadas, cada uma envolvendo as anteriores abaixo, enquanto ascendiam em direção as estrelas. Em cada esfera, acreditavam que havia um planeta que orbitava independentemente das estrelas fixas. Quando o céu é visto a olho nu, esses são os únicos objetos que parecem fazer isso. Os planetas, foram, cada um, nomeados em homenagem a um deus e , no período helenístico, sua ordem foi determinada pela velocidade. De baixo para cima eram: Lua, Mercúrio,Vênus, Sol, Marte, Júpiter e Saturno. Acreditavam também que os planetas formavam uma escada entre o Céu e a Terra por onde a alma descia ao nascimento e , ao fazê-lo, a cada planeta , recebia certas qualidades daquele deus. Uma vez, que a alma chegasse a Terra, era vestida com um corpo composto pelos quatro elementos – Terra, Água, Ar e Fogo e ficaria sujeita a mortalidade, ao destino e à sorte.
Os sete planetas antigos também eram entendidos como centros da alma do Cosmos, e centros de alma correspondentes poderiam ser encontrados ascendendo pela coluna vertebral , do sacro até o topo da cabeça, no microcosmo do corpo humano.. O filósofo neoplatônico Jâmbilico ( 250 – 325), conta em sua biografia que Pitágoras, o mais antigo filósofo místico, desenvolveu a escala musical dinâmica de sete notas marcadas pelas sete vogais gregas para capturar o som que cada planeta faria ao orbitar a Terra. Essa harmonia , era chamada de “música das esferas”. Além disso, Jâmbilico, conta que Pitágoras usava essa escala em um tratamento musical para harmonizar os centros humanos da alma com os planetas. Efetivamente, essas notas funcionam como virtudes que curariam os desequilíbrios ou vícios localizados em cada alma.
Os místicos herméticos entendiam a escada dos planetas como uma via de duas mãos. Acreditavam que, ao entrarem em um estado profundo de contemplação, poderiam subir os sete degraus enquanto ainda eram vivos, deixar para trás os sete dons conferidos pelos planetas, e nesse estado purificado, ir além, entrar no Céu e receber a visão de sua verdadeira natureza imortal. O processo envolvia abandonar ou curar , os sete vícios atribuídos aos deuses dos sete planetas : a força da Lua de aumentar e diminuir, o ardil malévolo de Mercúrio, a luxúria de Vênus, a arrogância do Sol, a audácia de Marte, a ganância de Júpiter e a fatalidade de Saturno. O processo levaria a gnose ( sabedoria) e ao entendimento de que somos de “espírito e luz”.
Nos textos alquímicos, os sete planetas era igualados à hierarquia dos sete metais: chumbo como Saturno, ferro com Marte, estanho com Júpiter, cobre com Vênus, mercúrio com Mercúrio, prata com a Lua e ouro com o Sol. Como mencionado acima, os alquimistas acreditavam que todos esses metais eram feitos de uma substância só , mas impurezas causavam sua diversidade de qualidades. Chumbo, o mais impuro, caiu para o último da lista, mas por meio de processos alquímicos poderia ser purificado e transformado em suas formas mais puras ascendentes até que se tornasse ouro, o mais puro e o mais incorruptível dos metais. Por isso, a busca alquímica de transmutar chumbo em ouro pode ser vista como uma manifestação dessa mesma purificação mística e ascensão da alma.
Alquimia e Tarô – Robert M. Place
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