Amor Paixão
“Aterrada, gelada de espanto inconsciente, encontra-se a beira de um abismo.
Rodeiam-se trevas profundas.
Nenhuma esperança, nenhum conforto. Tudo lhe faz perder aquele que era a sua vida inteira.
(Wherter – Goethe)
“Solidão, desespero. De repente o passado não é nada e o presente se derreteu. Dia após dia fico no quarto deitada, suja, quebrada em mil pedaços.
(Mulher desiludida – Simone de Beauvoir)
O amor paixão só existe na falta. O apaixonado precisa sentir o abandono, o vazio, o abismo, a falta de ar. A paixão é a fantasia do prazer permanente
O apaixonado acredita que vivendo aquela paixão ele não morre.
A paixão tem a terrível vantagem de despistar, de fazer você fugir de si mesma.
Enquanto estiver apaixonado pelo outro, coração batendo e grudado no celular esperando o whatsapp tocar, evita-se pensar em si mesmo, nas suas escolhas e no seu medo..
O apaixonado resiste em sair da barriga da mãe, perder a proteção e aceitar a sua fragilidade.
O apaixonado é um personagem. O seu comportamento é óbvio e repetitivo.
O apaixonado se alimenta do impossível.
O apaixonado far um esforço superior e amoral . Amoral no sentido ético e não social, já que quer manter para si e ao outro, o apaixonado não admite regras e nem limites.
O apaixonado age de certas maneiras que constituem seu modus – operandi. Avança e recua, afirma e nega, entrega e rouba, seduz e encanta você a entrar com ele em seu delírio. E assim , só estar com ele, só existir para ele.
A outra atitude típica é a falta de limites. Ele pode tudo, ele é o herói, é o poder, a possibilidade infinita.
Ele arrisca tudo por você, mas no final é o seu ar que ele está respirando, é a sua vida que ele está vivendo e é a sua energia que ele está consumindo.
Se pudesse, o apaixonado criaria um muro em volta da pessoa amada e só ele poderia toca-la, vê-la , ser o seu senhor.
O apaixonado precisa do outro para se oxigenar porque o seu oxigênio não é suficiente, porque ele ainda respira com o cordão.
Se você quer acabar com essa paixão doentia não é fácil. A paixão é um vício. O processo é doloroso, o corpo sente falta, a vida perde o sentido, é o panico e a vontade de morrer.
O apaixonado é viciado e precisa freneticamente consumir alguma coisa. Seja álcool, tabaco, drogas, qualquer coisa que preencha o vazio interno.
Em psiquiatria esse tipo de relacionamento é chamado de “Adição Externa.”
Existe também um mecanismo inconsciente , que preenche esse estado de vazio interior, são as fantasias e os sonhos, os delírios, a dificuldade de ver o real , que podemos chamar de “Adição Interna”
A paixão será sempre uma doença, por isso tem tratamento.
O problema dos apaixonados é a mãe. Não conseguem separar-se da mãe. Como o corte com a mãe não foi feito, a tendência é projetar a figura da mãe no outro.
A base desse relacionamento são as brigas e as reconciliações. Eles geralmente guardam uma mágoa muito grande da mãe, ou um profundo sentimento de servidão que não lhes permite separar- se inconscientemente dela.
Outra atitude típica do apaixonado é o cenário e a platéia da paixão. Se ele estiver em baixa, o cenário é o bar com os amigos em volta
( quando eles ainda tem a paciência de escuta-lo).
Esse é o cenário ideal do apaixonado em desespero.
O apaixonado guarda a loucura a sete chaves, pois tem medo de perder o controle. O apaixonado tem a estrutura do fanático e só acreditam em lendas e superstições .
O apaixonado é como uma música suave que com o passar do tempo começa entristece-lo e a deprimir até ficar doente.
Se você chegou a esse estado em que sua vida está insuportável procure ajuda. Se você ainda está nas nuvens, desça correndo!
Para o seu bem e respeito a si mesmo saiba reconhecer esse tipo de amor a partir dos primeiros sinais.
Bibliografia – Tarô do Amor – Marisa Matos – Ed. Hipocampo
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